O interesse de pesquisar o suco de uva se deu quanto os pesquisadores observaram que os benefícios do resveratrol encontrado nos vinhos não poderiam ser aproveitados por todas as pessoas, já que por ser alcoólico, havia limitações em seu consumo. Ponto positivo para o suco de uva, que pode ser ingerido por qualquer pessoa, de to-das as idades, e não apresenta efeito colateral nocivo Uma pesquisa inédita no Brasil, financiada por uma empresa concentradora de sucos do Vale dos Vinhedos e realizada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS) constatou que o antibiótico natural chamado resveratrol, produzido pela videira para proteger os cachos de uva contra fungos e umidade, tem revelado inúmeras aplicações na medicina. As suas propriedades terapêuticas são altamente eficazes no combate aos radicais livres e a hipertensão. No estudo, realizado pela nutricionista Simone Morelo Dal Bosco, sobre a relação existente entre a ingestão de suco de uva e a variação dos níveis de colesterol em idosos, feito durante o mestrado em Gerontologia Biomédica na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), coordenado pelo professor de química da univer-sidade e uma das principais referencias no estudo do resveratrol do Brasil, André Arigony Souto, foram analisadas, por dois meses, 32 pessoas com idade entre 65 a 101 anos, moradores da casa geriátrica Residencial Pedra Re-donda, zona Sul de Porto Alegre. Neste período, um grupo de idosos ingeriu 400ml de suco de uva por dia, 200 ml pela manhã e 200 ml à noite. O resultado foi à diminuição na pressão arterial em torno de 5% nos que incluíram o suco de uva na dieta, passando a ingeri-lo diariamente. “Está acontecendo um aumento considerável na população acima de 65 anos no Brasil. A importância desta pesquisa está em descobrir maneiras de envelhecer com saúde, mantendo a qualidade de vida na terceira idade”, destaca a pesquisadora. Segundo a nutricionista, não fazia parde dos hábitos de nenhum deles consumir suco de uva antes do período de controle. “Incluímos o alimento na dieta e analisamos os benefícios por 60 dias, tempo mínimo para alterar o perfil lipídico. Depois da realização dos exames, não foi constatado modifica-ção no perfil lipídico, mas o dado que nos surpreendeu foi à redução de 5% na pressão arterial sistêmica”, relata. Além disso, o consumo contínuo do suco de uva tem efeito antiplaquetário, inibindo a formação de trombos, que obstruem as artérias, previne a arteriosclerose e as doenças cardiovasculares. “40% da população do Brasil apre-senta sobrepeso, portanto, tem pressão alta. Os polifenóis, presentes no suco de uva, provocam um equilíbrio ome-ostático, amenizando a hipertensão”, ressalta. PREVENÇÃO DE DOENÇAS Antes de pesquisar as propriedades do suco de uva, ele analisou amostras de vinhos tintos brasileiros produzidos na Serra Gaúcha, responsável por 90% da produção nacional. A pesquisa concentrou-se no resveratrol, uma das 200 substâncias polifenólicas encontrada normalmente em cada cálice. De posse dos números, comparou-os com as quantidades desse composto em rótulos de outros países. Então foi surpreendido. Nesse aspecto, os vinhos nacionais ficaram atrás somente dos franceses. A idéia de pesquisar as propriedades terapêuticas da uva se deu através de analisar os hábitos dos franceses desde 1950. “O povo daquele país consumia em excesso comidas gordurosas, mas, mesmo assim, tinha um índice de mortes por doenças cardíacas menor do que em outros países ocidentais. Os índices começaram a chamar a aten-ção dos cientistas que passaram a analisar os benefícios dos propriedades da uva para o sistema circulatório. O mistério foi desvendado quando se verificou uma diferença fundamental. Eles são bebedores contumazes de vinho. A maioria não dispensa a bebida diariamente, durante as refeições”, conta. QUALIDADE DE VIDA |
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